quarta-feira, 14 de novembro de 2012

90º aniversário de José Saramago

No próximo dia 16 de novembro evocamos o 90º aniversário de José Saramago.
A este propósito preparámos uma exposição biográfica e bibliográfica na nossa biblioteca.
Descubra o "Nosso Nobel"!
Parabéns, José!

Concurso Coleção Cherub, "República Popular"

 A nossa escola, em colaboração com a Porto Editora está a dinamizar o concurso associado à coleção Cherub,  a propósito do livro, República Popular, de Robert Muchamore. 
Todos os participantes receberão certificado de participação e uma caneta. Os três primeiros classificados são premiados com o livro, caneta, certificado de participação e uma t-shirt.
 Para ganhares estes prémios vai à biblioteca, requisita o livro. lê-o e responde ao questionário no dia 12 de dezembro.
Participa!

Concurso Nacional de Leitura


CONCURSO NACIONAL DE LEITURA
2012-2013- 1ª fase
Obras a concurso
3º ciclo
A Lua de Joana de Maria Teresa Maia Gonzalez
OU
Sexta Feira ou a Vida Selvagem de Michel Tournier
 
Secundário
A Esmeralda do Rei de Paulo Pimentel
OU
Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco
 
Vai à biblioteca e leva o livro que escolheste.
Participa!

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Viagem à volta dos livros


  Com o projeto Uma Viagem à Volta dos Livros procuramos dar visibilidade a livros que, em nosso entender, são significantes e que, por isso, não podemos deixar de ler.
Recordamos as palavras de Carlos Drumond de Andrade quando afirma, Os livros são navios de sair pelo mundo.
Fica o convite. Embarque connosco nesta viagem!
 

Há livros que mudam a nossa forma de ver o mundo e os outros…
Com A Lua de Joana de Maria Teresa Maia Gonzalez, acompanhamos os pensamentos de uma adolescente que está em sofrimento e aprendemos a perceber as suas emoções. Joana perdeu a sua melhor amiga, Marta; os seus pais estão demasiado ocupados para perceber a dor e a raiva que no seu coração vão crescendo; sente que também não pode contar com o seu irmão, que designa como “o Homem de Cro-Magnon”, “o Pré-histórico”, “o cavernoso”.


Perante todas estas ausências, que caminhos foram percorridos pela Joana?

 

LISBOA, 28 DE AGOSTO

Querida Marta,

Demorei muito para me resolver, o que não era costume. Para dizer a verdade, não sabia que fazer. Precisava de desabafar, tentar compreender tudo o que aconteceu e, como foste sempre a minha única confidente... Não fazia sentido escrever um diário, pois dava-me a sensação de estar a escrever para mim própria, o que acho um bocado estranho. Talvez seja ainda mais estranho escrever-te, mas é uma forma de manter viva a tua memória, pelo menos até entender o que se passou contigo; pelo menos até conseguir perdoar-te...

Faz hoje um mês que tu... Não sou ainda capaz de dizer a palavra. Se calhar, é porque não acredito que já não estás aqui comigo. É tão difícil acreditar!

Como sabes, hoje fiz anos. São duas da manhã e estou demasiado excitada para dormir. Vou contar-te o que recebi. A minha mãe acedeu finalmente a redecorar o meu quarto - está tal e qual como eu queria! Todo branco (paredes, tapete, colcha, cortina) e até me mandou fazer o baloiço dos meus sonhos: é uma meia-lua de madeira (branca, claro) que está suspensa do teto por uma corrente, mesmo no meio do quarto. E única no Mundo! Fui eu que a imaginei. Quando quero pensar, coloco-a em posição de quarto crescente e, quando estou triste, rodo-a para quarto minguante e sento-me até que a tristeza passe. O armário velho foi para o corredor, assim, fiquei com mais espaço para dançar, quando me apetece. Das «antiguidades» só ficou a escrivaninha, por causa daquelas gavetinhas todas que sempre me deram um jeitão para os segredos. Sei que acharias demais, mas também foi pintada de branco! À minha mãe tudo isto pareceu um bocado exótico, mas foi forçada a comparar as minhas notas com as do Pré-histórico (a quem comprou uma nova prancha de surf carérrima) e não teve outro remédio. Chamou-me caprichosa e não sei que mais. Não me importei.
A avó Ju deu-me uns brincos que usava quando era nova. Disse-me: «Com catorze anos já tens idade para umas perolazinhas...» Um amor, a minha avó.
do Cro-Magnon, como é costume, estava liso, portanto deve ter pedido uns trocos à mãe e deu-me um chocolate (sabendo perfeitamente que sou alérgica) e um cartão idiota com o desenho de um chimpanzé horrendo, que diz «Tás a ficar velhota!»... Realmente é triste ter um irmão assim, paciência.
Quanto ao meu pai, deu-me mais um relógio, imagina! Já tenho uma coleção disparatada (como diz a avó Ju), mas ele não deve lembrar-se dos que me deu nos anos anteriores. Tem muito que fazer, como sempre... Provavelmente, mandou a Lisete comprar-me a prenda, é o mais certo. Ele só sai do consultório para operar, como é que podia ter tempo...
No que respeita à festa que a minha mãe queria fazer, proibi-a terminantemente e, para a convencer, tive de dizer que não havia direito de me estragarem o dia de anos. Sem ti, a festa não seria a mesma coisa. Além disso, não tenho vontade de festejar coisa nenhuma. Fazer anos não é assim tão especial como isso, ainda se fossem quinze...

Estou a ficar com sono, finalmente. Preciso de dormir. Espero não sonhar outra vez contigo. É terrível!

Um beijo da
Joana
P.S. Esqueci-me de contar que a minha mãe, como não podia deixar de ser, resolveu trazer-me umas fatiotas lá da loja dela. Demasiado senhorecas para o meu gosto. Mas era de esperar...


Terá Joana recuperado a alegria e o entusiasmo de viver?


LISBOA, 25 DE DEZEMBRO

Querida Marta,

Foi o Natal pior da minha vida. Sem ti, sem a avó Ju, o meu pai com gripe, de cama e, para piorar tudo, descobri uma coisa terrível: o Diogo anda a drogar-se! Isto é tão horrível que nem me apetece continuar a falar do assunto, mas, por outro lado, preciso de desabafar. Tive uma conversa séria com a Rita (aquela conversa que eu já há muito tempo queria ter e ainda não tinha conseguido) e ela disse-me com a maior calma do mundo: «Olha, Joana, nós não te dissemos nada para tu não fazeres logo uma cena. Sabíamos que ias desatinar, quisemos poupar-te, até porque o Diogo está fixe, numa boa, mesmo. Pode parar quando quiser. Está tudo sob controlo, estás a topar? Não há crise.» Fiquei de boca aberta e, quando arranjei coragem, perguntei-lhe se ela também se drogava. Respondeu-me com a mesma voz calma de lagoa: «Eu já ando nisto há muito tempo, muito mais do que o Diogo, mas não sou parva, não sou nenhuma débil mental, sei parar quando devo. O que aconteceu com a Marta foi um grande azar e muita inexperiência. Comigo isso nunca aconteceria. Não curto histórias que acabam mal.» Voltei a ficar de boca aberta.
Como é que eu fui tão estúpida que não percebi isto antes?! Estou arrasada. Não sei o que hei de fazer nem sequer o que hei de pensar. Nunca me senti tão desorientada em toda a minha vida. Tudo está a cair sobre mim. Quero um foguetão e um bilhete de ida para ir para Plutão!

Vou-me deitar. Não aguento mais tanta coisa horrível na minha cabeça.
Um beijo com lágrimas (lágrimas são tudo o que posso dar-te este Natal) da

Joana


Acerca do livro:
“Quando escrevi este livro, tive a noção de que o tema era importante porque, infelizmente, trata de uma questão actual que afeta um número impressionante de famílias nos quatro cantos do mundo.”

Maria Teresa Maia Gonzalez in “Prefácio”, A Lua de Joana, Ed. Babel, 2010


Para saber mais, consulta:

o audiolivro: http://luadejoana.podomatic.com/

http://www.noslemos.blogspot.com/
(Blogue realizado após a visita da escritora a uma escola.)

http://5knowledge.blogs.sapo.pt/
(Entrevista à escritora realizada por alunos.)

http://bibliosttau.blogspot.com/2008/04/entrevista-imaginria-escritora-maria.html
(Entrevista imaginária a Maria Teresa Maia Gonzalez brincando com os títulos dos seus livros.)

A escritora está no Facebook.

Envia as tuas impressões acerca deste livro para o email da biblioteca: esrpbiblioteca@sapo.pt